quinta-feira, março 22, 2007

ATMOSFERA QUENTE

ATMOSFERA QUENTE – PARTE I

por Thomas Sowell em 01 de março de 2007 .

© 2007 MidiaSemMascara.org

O argumento favorito da esquerda é o de que não há argumento. A sua cruzada atual é a de tornar o “aquecimento global” uma daquelas coisas de que ninguém honesto e decente pode discordar, como eles já fizeram com a “diversidade” e com o conceito de “open space” (1)
O nome da “ciência” é invocado pela esquerda hoje, como tem sido feito por mais de dois séculos. Afinal, a ideologia de Karl Marx foi chamada de “socialismo científico” no século XIX. No século XVIII, Condorcet chamava de engenharia o seu plano para uma sociedade melhor e a engenharia social tem sido a agenda desde então.
Nem todos os que advogam o “aquecimento global” são esquerdistas, claro. Cruzadas não são só para cruzados. Há sempre os companheiros de viagem que podem transformar os crentes verdadeiros em votos ou dinheiro, ou então, pelo menos, notoriedade.
Se o planeta está realmente se aquecendo é uma questão sobre fatos – e sobre onde estes fatos são medidos: na terra, no ar ou no fundo do mar. Não há dúvida de que há um efeito estufa. Não fosse isso, metade do planeta congelaria toda noite quando não houvesse a luz do sol nela incidindo.
Não há também dúvida de que nosso planeta possa aquecer ou esfriar. Um ou outro efeito tem acontecido por milhares de anos, mesmo antes das SUV’s [veículo utilitário esportivo]. Se não tivesse havido aquecimento global antes, não seríamos capazes, hoje, de desfrutar do Vale Yosemite, pois ele já foi coberto por milhares de metros de gelo.
Nos anos 1970, a histeria ambientalista era sobre os perigos de uma nova era glacial. Essa histeria foi difundida por muitos dos indivíduos ou grupos que, hoje, promovem a histeria sobre o aquecimento global.
Não é somente o céu que está caindo. Dinheiro do governo está caindo sobre aqueles que procuram financiamento para estudos que produzam “soluções” para o aquecimento global. Mas esse dinheiro dificilmente cairia sobre aqueles, na comunidade científica, que são céticos e que se recusam a se juntar ao alarido.
Sim, nobres senhores, há céticos sobre o aquecimento global dentre os cientistas que estudam o clima. Há argumentos de ambos os lados – razão pela qual tantos na política e na mídia estão tão ocupados vendendo a noção de que não há argumentos.
Ouvindo ambos os argumentos, você poderá não ficar tão desejoso de acompanhar aqueles que estão preparados para arruinar a economia, sacrificando postos de trabalho e o padrão de vida nacional no altar da mais recente de uma série infindável de cruzadas, conduzidas por políticos e outras pessoas ansiosas para dizer como todo mundo deve viver.
O que dizer de todos aqueles cientistas mencionados, referidos ou citados pelos cruzados globalistas?
Há todo tipo de cientistas, de químicos a físicos nucleares e a pessoas que estudam insetos, vulcões e glândulas endócrinas – nenhum dos quais é especialista em clima, mas todos podem ser listados como cientistas para impressionar as pessoas que não analisam a lista mais profundamente. Esse truque é velho.
Há, contudo, especialistas genuínos em meteorologia e clima. A Academia Nacional de Ciências apresentou um relatório sobre o aquecimento global em 2001 que contém uma lista de muitos dos mais eminentes especialistas. O problema é que nenhum deles realmente escreveu o relatório – ou mesmo o leu antes dele ser publicado.
Um desses eminentes climatologistas – Richard S. Lindzen do MIT – repudiou publicamente as conclusões do relatório, apesar de seu nome constar de ornamento ao documento. Mas a mídia pode não ter lhe informado disso.
Em resumo, tem havido uma pressão tremenda para convencer o público que “todo mundo sabe” que um catastrófico aquecimento global nos espreita, que os seres humanos são a sua causa e que a única solução é dar mais dinheiro e poder ao governo a fim de ele nos proteger de nossos perigosos modos de vida.
Dentre os especialistas em clima que não são parte desse “todo mundo” não há apenas o Professor Lindzen mas também Fred Singer e Dennis Avery, cujo livro “Unstoppable Global Warming: Every 1500 Years” [Inevitável Aquecimento Global: A Cada 1500 anos], fura o balão de ar quente dos cruzados do aquecimento global. É o que faz também o livro “Shattered Consencus” [Consenso Destruído], editado por Patrick J. Micheals, professor de ciências ambientais da Universidade de Virgínia, que contém ensaios de outros que não são parte do “todo mundo”.

Nota:
[*] Ver o artigo Socialismo dos ricos, de Sowell. (N. do T.)

ATMOSFERA QUENTE – PARTE II
por Thomas Sowell em 14 de março de 2007.

© 2007 MidiaSemMascara.org

Campanhas publicitárias usualmente ganham vida própria. Políticos cujos cargos se devem ao “aquecimento global” não podem admitir nenhum debate público sobre o tema.
O mesmo acontece com os cruzados ambientalistas – cuja auto-imagem é a de salvadores do planeta ameaçado – quando tentam destruir qualquer visão contrária às suas.
Um exemplo recente e revelador da impiedosa tentativa de silenciar aqueles que se atrevem a questionar o aquecimento global começou com a “notícia” que apareceu no jornal britânico “The Guardian”. Ela rapidamente encontrou eco nos senadores americanos de esquerda – Bernard Sanders, um declarado socialista, e os não-declarados John Kerry, Pat Leahy e Dianne Feinstein.
A manchete da “notícia” já dizia tudo: “Dinheiro é oferecido aos cientistas para que se oponham a estudo sobre o clima”. De acordo com o “The Guardian”, um grupo lobista mantido por uma das maiores companhias petrolíferas do mundo “ofereceu dinheiro a cientistas e economistas para que eles criticassem um importante relatório sobre mudanças climáticas”.
Há uma noção clássica na esquerda em geral, e entre os fanáticos ambientalistas em particular, de que ninguém pode discordar deles, a menos que seja por desinformação ou desonestidade. Aqui eles agruparam os cientistas céticos quanto à histeria do aquecimento global, descrevendo-os como sendo subornados por lobistas de companhias petrolíferas.
Enquanto tais alegações podem ser suficientes para que os fanáticos cruzados se cubram ainda mais plenamente com o manto da virtude, alguns de nós somos fora de moda o suficiente para querermos saber algo mais sobre os fatos reais.
Neste caso, o fato é que o Instituto Empresarial Americano (AEI) – um think tank, não um grupo de lobistas – fez tudo o que os think tanks fazem, independentemente de suas tendências políticas e independente do estado ou país em que se encontram.
O AEI planejou uma mesa-redonda de discussão sobre o aquecimento global, da qual participaram pessoas de diferentes visões sobre o assunto. Este foi seu principal pecado, aos olhos do pessoal do aquecimento global. O AEI tratou o problema como uma questão a ser discutida, não como um dogma.
Como outros think tanks, esquerdistas ou conservadores, o Instituto Empresarial Americano paga estudiosos por artigos acadêmicos preparados para a apresentação em suas mesa-redondas. Dez mil dólares não é uma quantia incomum e muitos têm recebido quantias similares de outros think tanks por trabalhos similares.
Entram em cena os senadores Sanders, Kerry, Leahy e Feinstein. Numa carta conjunta ao diretor do Instituto Empresarial Americano, eles se dizem chocados – chocados como o policial corrupto em “Casablanca”.
Esses senadores expressam “nossas mais sérias preocupações” sobre os relatos de que o AEI “ofereceu até US$10.000 a cientistas para questionarem os descobrimentos” de outros cientistas. Os quatro senadores disseram ainda o quão “desapontados” eles ficariam se os relatos fossem verdadeiros, “pelas profundezas em que alguém poderia se afundar para subverter o consenso científico” a respeito do aquecimento global.
Se os relatos são verdadeiros, os senadores continuam, “eles enfatizariam a extensão em que interesses financeiros distorcem honestas discussões científicas e de políticas públicas” por meio “do suborno a cientistas a fim de se apoiar uma agenda pré-determinada”.
Os senadores perguntam: “Será que o interesse de seus doadores vale mais que uma honesta discussão sobre o bem-estar do planeta?” Eles exigem que “o AEI se desculpe publicamente pela sua conduta”.
Como o falecido Art Buchwald uma vez disse a respeito da comédia e da farsa em Washington, “Você não pode nem imaginar!”
Se for suborno pagar pessoas pelo seu trabalho, então estamos todos sendo subornados cotidianamente, a não ser aqueles que herdaram dinheiro suficiente para não trabalhar. Dentre aqueles convidados pelo AEI para participar da mesa-redonda estão os mesmos cientistas que produziram o recente relatório que políticos, ambientalistas e a mídia alardeiam como a última palavra sobre o aquecimento global.
O trunfo dos esquerdistas é que uma das grandes companhias petrolíferas contribuiu financeiramente para o AEI – contribuição sequer suficiente para atingir um por cento de seu orçamento, mas suficiente o bastante para a difamação.
Todos os think tanks têm financiadores, ou eles não sobreviveriam. Mas os fatos têm pouco significado nas campanhas de difamação, mesmo para políticos que questionam a honestidade dos outros.

ATMOSFERA QUENTE – Final

por Thomas Sowell em 22 de março de 2007.

© 2007 MidiaSemMascara.orgSe você se atém aos principais veículos de comunicação, você poderia imaginar que todos os importantes cientistas acreditam que o "aquecimento global" é uma grande ameaça e que precisamos empreender drásticas alterações no nosso modo de vida, a fim de evitar catástrofes ao ambiente, às várias espécies e a nós mesmos.
A mídia tem um papel preponderante na perpetuação de tais crenças. Freqüentemente ela usa qualquer onda de calor para alardear o aquecimento global, mas não vê nenhuma implicação nos recordes de baixas temperaturas, tais como as que muitos lugares estão experimentando ultimamente.
Você se lembra como o número usualmente grande de furacões de alguns anos atrás foi alardeado na mídia como sendo um resultado do aquecimento global, com mais furacões sendo previstos para os anos seguintes?
Mas, quando nem um único furacão atingiu os EUA no ano passado, a mídia teve pouco a dizer sobre as falsas previsões que ela tinha alardeado. Se for cara eu ganho, se for coroa você perde.
Há cientistas sérios que são especialistas em clima e que são céticos sobre os cenários catastróficos construídos pelos que advogam o aquecimento global? Sim, há.
Há o Dr. S. Fred Singer, que montou o sistema americano de satélites meteorológicos e que publicou alguns anos atrás um livro intitulado "Hot Talk, Cold Science". [1] Mais recentemente, ele foi co-autor de um outro livro sobre ao mesmo assunto, "Unstoppable Global Warming: Every 1500 Years" [Inevitável Aquecimento Global: A cada 1500 anos]. [2]
Houve períodos de aquecimento global que duraram séculos – e períodos de esfriamento global que também duraram séculos. Assim, a questão não é se o mundo está mais quente agora do que em algum tempo no passado, mas o quanto desse aquecimento é devido aos seres humanos e o quanto podemos reduzir o aquecimento futuro, mesmo se reduzirmos drasticamente, nesta tentativa, nosso padrão de vida.
Dentre outros cientistas sérios que não estão no barco do aquecimento global inclui-se um professor do MIT, Richard S. Lindzen.
Seu nome é suficientemente importante para que a Academia Nacional de Ciências o listasse entre os nomes de outros especialistas em seu relatório de 2001, que supostamente poria fim ao debate, declarando que os perigos do aquecimento global estavam provados cientificamente.
O professor Lindzen então objetou e observou que nem ele nem qualquer dos outros cientistas listados viram o relatório antes dele ser publicado. [3] Ele foi, de fato, escrito por burocratas do governo – como o foi o mais recente sumário do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que também é alardeado como a prova final e o fim da discussão.
Você quer mais especialistas que pensam de outra forma? Tente o professor de ciências ambientais da Universidade de Virgínia, Patrick J. Michaels, que se refere ao clamoroso sumário do IPCC de 2001 como possuindo "falsidades e erros" que ele chama de "notórios".
Um professor de climatologia da Universidade de Delaware, David R. Legates, da mesma forma se refere ao sumário do IPCC como estando "freqüente e frontalmente contra o relatório que o acompanha". Foi o sumário que a mídia alardeou. O relatório completo de 2007 ainda não foi publicado.
Dentre os especialistas céticos em outros países incluem-se Duncan Wingham, um professor de física do clima no University College de Londres e Nigel Weiss da Universidade de Cambridge.
A própria tentativa de silenciar todos que discordam do aquecimento global há de levantar suspeitas.
Qualquer um que lembre da década de 1970 deve se lembrar do relatório do Clube de Roma que foi acolhido como a última palavra sobre crescimento econômico, crescimento este que teria atingido um obstáculo intransponível, ou seja, "superpopulação" e uma era de fome generalizada nos aguardava na década de 1980.
Na realidade, os anos 1980 presenciaram um crescimento econômico em todo o mundo e, longe da fome generalizada, houve um crescimento da obesidade e de excedentes agrícolas em muitos países. Mas a maior parte da mídia entrou na onda do Clube de Roma e alardeou a histeria.
Muitos na mídia se ofendem com qualquer sugestão de que eles estão ou vendendo uma agenda ideológica ou alardeando qualquer coisa que venda jornais ou que atinja altos níveis de audiência.
Aqui está a chance deles de checar o que pensam alguns cientistas pesos-pesados, especialistas em meteorologia e clima, em vez de considerar o filme de Al Gore e os pronunciamentos de políticos e burocratas como a última palavra sobre o assunto.

Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo

*Thomas Sowell é doutor em Economia pela Universidade de Chicago e autor de mais de uma dezena de livros e inúmeros artigos, abordando tópicos como teoria econômica clássica e ativismo judicial. Atualmente é colaborador do Hoover Institute.

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